sexta-feira, março 31, 2006

Tenham medo...




















... tenham muito medo.

quarta-feira, março 29, 2006

Por outro lado

Eu, se saísse o tal livro que arrasa a Rebelo Pinto, ia logo a seguir comprar o novo livro dela. Só para ver se volta a repetir, pela quarta vez, aquela frase do Lobo Antunes sobre o coração que não sei o quê. O marketing, embora não pareça, é sempre bom.

0-0

Tan guapo como inocente, tan lúdico como estéril, tan espectacular como inofensivo, tan divertido como cándido.

terça-feira, março 28, 2006

Eu, simplex, feito parvex pelos do costumex

Há uns meses, recebi uma notificação para depôr como testemunha, em videoconferência (uau!!!...) num tribunal de Lisboa, para um jugamento que decorre(ia) em Gaia. Dias depois, recebi outro postal com outra data e outra hora para o mesmo depoimento. Como em ambos os postais vinha impresso o mail da secretaria do tal tribunal de Gaia, decidi, de forma educada, perguntar qual das datas seria válida, visto que o segundo postal não anulava explicitamente o primeiro e ambos ameaçavam uma data de coisas a quem não obedecesse à determinação dos doutos juízes. Como não recebi qualquer resposta, decidi enviar novo mail (às vezes, os mails perdem-se...). Nada. Na segunda data, compareci no tribunal. O funcionário, educado, começa a fazer a chamada e lá saio eu do canto escuro em que tinham colocado um banco corrido. Informa-me então o funcionário de que recebera, na véspera, uma comunicação de Gaia a cancelar a sessão. Que eles, ali, apenas forneciam a sala para o depoimento, que nada mais sabiam e que, se alguém me tinha de informar, não eram eles.
E eis o meu contacto com o fabuloso mundo da Administração informatizada. Ah... e nem sequer pude confirmar se aquela coisa da videoconferência existe mesmo. Já alguém a viu?

segunda-feira, março 27, 2006

Joy with or without stick












No http://www.spiked-online.com/, James Woudhuysen discute os motivos pelos quais as mulheres não aderem tanto como os homens aos jogos de consola. Entre outras coisas, o debate obriga-se à dicotomia "cultura ou testosterona". Cá para mim, em termos de joystick (é assim que se escreve?) elas estão muito mais avançadas.
[FNV, in Mar Salgado, num post com título.]

domingo, março 26, 2006

A França

Na recente cimeira europeia, em Bruxelas, um senhor francês que falava em nome dos empresários europeus decidiu dirigir-se aos líderes dos 25 em inglês. Jacques Chirac perguntou-lhe porque, sendo ele francês e sendo o francês uma das línguas oficiais da UE, falava em inglês. Respondeu que o fazia porque o inglês é a língua dos negócios. Chirac saiu da reunião.
A atitude de Chirac foi criticada um pouco por todo o lado [João Cândido da Silva, por exemplo, no Público].
É curioso como tudo o que a França faz hoje em dia é visto numa perspectiva de cinismo, recorrendo a um pensamento pré-formatado, em que permanentemente se enaltece tudo o que não é europeu. Não teria Chirac razão? Não assistimos no passado a polémicas deste tipo, mas por razões inversas?
Pacheco Pereira, na Sábado, escreveu um artigo chamado A França irreformável que é outro bom exemplo do que digo. A França está em declínio porque em todo o mundo se corre mais rapidamente para o liberalismo, indistintamente económico ou político. Mas porque será esse tal liberalismo mais saudável que o tal «modelo social europeu» de que a França será o exemplo? Quem o escreve não explica.
Curioso, também, é que, ao mesmo tempo que se critica o imobilismo de França, critica-se igualmente as suas tentativas - patéticas, dizem - de fazer algo para travar o alegado declínio. Quando a França lidera uma quimérica tentativa de lançar uma CNN europeia, não deveríamos ficar todos satisfeitos? Ou será preferível a existência de uma televisão global única? Quando a França luta legalmente contra as estratégias monopolistas do iTunes, não deveríamos estar agradecidos? Não está a França a fazer o que os EUA fizeram antes com a Microsoft? Não ficaremos todos a ganhar se a Apple não prosseguir essas tendências monopolistas?
O jargão anti-francês que domina certas correntes do pensamento não será, antes, uma rendição a uma visão simplista da realidade?

quarta-feira, março 22, 2006

O atoleiro

Ontem, um ataque terrorista a uma prisão no Iraque matou mais de 20 polícias. Ontem, Bush disse esperar mais «duros combates» no Iraque. E admitiu que os soldados americanos terão de ficar para lá de 2008. Ou seja, o seu sucessor que decida como sair daquilo.
E ainda há quem ache que não devemos discutir o modo como o mundo foi arrastado para este atoleiro. Fantástico.

terça-feira, março 21, 2006

Conservador, moi?

O risco

A propósito das manifestações dos estudantes em França, vê-se um pouco por todo o lado o elogio do risco.
Sem o risco, é necessário reconhecê-lo, talvez não estivéssemos hoje aqui. Vivemos numa sociedade de relativo sucesso porque alguns, antes de nós, arriscaram. Não se acomodaram às suas limitações. Excederam-se.
Mas este eudeusamento do risco a que assistimos hoje em dia parece-me um absurdo. Qualquer coisa do tipo: arriscas ou morres. Ora eu acho que todos temos o direito a viver em paz. Sendo que aqueles que mais arriscarem mais ganham.
Mas tornar o risco obrigatório não faz sentido. Caminharíamos, levada essa orientação às últimas consequências, para a autofagia, o canibalismo, a barbárie.

Neil (iii)

A bem da verdade, nada acontece por acaso. E o artífice da ressurreição de Neil Diamond já tinha reposto outro dos grandes no lugar da História a que tem direito. Rick Rubin. O produtor-mago dos últimos anos de Johnny Cash, o produtor do último Neil Diamond, um fulano do mundo do wrestling (!!!).
O mundo, felizmente, ainda vai tendo capacidade de nos surpreender.

Neil (ii)

A memória tem destas coisas. Constrói-se. Tem vontade própria. Reconstrói-se. Contam-nos que, aos 6 anos, líamos Eça de fio a pavio e até acreditamos se acharmos que Eça aos 6 faz sentido na memória que queremos ter de nós mesmos. Percebemos, aos 14, aos 18, aos 20, que aquele dia de 74 queria dizer qualquer coisa de especial e o pouco de que nos lembramos ganha outro significado. A memória é um Lego gigantesco, onde vamos colocando teças, de onde tiramos peças, que moldamos todos os dias a nosso jeito. Ou ao jeito da memória ela própria.
Neil Diamond era aquela gajo, meio poeta meio parvo, ao pôr-do-sol, falando de uma gaivota que era Livingston na terra dela e Capelo na nossa. Até ontem. Quando ouviste 12 Songs e Diamond ganhou outro significado.

Neil (i)

Nunca acreditem num gajo que faz um disco chamado 12 Songs. Quando o comprarem verão que tem 14 (e se disser que uma das que vem a mais traz com ela o Brian Wilson vão achar que estão a gozar com o pessoal). Agora, se o fulano que grava 14 canções e lhes chama 12 se chamar Neil Diamond fiquem mesmo muito desconfiados. E se uma das canções for a Hell Yeah arrepiem-se. O caso é sério.

segunda-feira, março 20, 2006

Vero, Verissimo (II)

Voltemos a Verissimo. Lula tinha de vir à conversa (um tal de Scolari também veio, mas essa parte da conversa não percebi...).
Pois é, o Luis Fernando acha que vai voltar a votar Lula. Porque o PT, espera(va) ele, iria ser consequente e interromper a rotina brasileira de governo pelos oligopólios para os oligopólios. E diz mais. Diz que no Brasil «a questão do momento não é entre os corruptos e os limpos, é entre os corruptos e os cínicos». Diz ele e diz muito bem.

O Iraque, três anos depois

Sou dos que continuam a dizer «vêem? eu bem vos disse...». Porque, de facto, o disse. Porque considero que a invasão do Iraque em nada melhorou a segurança mundial. Porque acho que muita da argumentação utilizada por ambas as partes antes da guerra continua válida do ponto de vista instrumental, conceptual. Porque essa argumentação pode ser ressuscitada a propósito de novos conflitos.
Isso é uma coisa - não abdico da memória. Outra, bem diferente, é análise sobre a situação actual. Os EUA têm de ensaiar uma estratégia de retirada - a política interna a isso obriga - mesmo sabendo que nunca vão poder verdadeiramente retirar. Não vão poder, mas provavelmente também não vão querer - por causa do petróleo, mas também porque é melhor travar uma guerra lá longe do que dentro de casa.

Congratulations, mr Bush, mr Blair...


sexta-feira, março 17, 2006

Vero, Verissimo

Luis Fernando Verissimo [disputa (!) ao evidente Neil Young o cargo de santo da casa] deu uma entrevista a Ferreira Fernandes [na Sábado, uma revista que sai à quinta], que, obviamente, deve ser lida com devoção.
Por exemplo, quando fala dos cartoons e o jornalista lhe pergunta: se fosse director do jornal dinamarquês publicava? Luis Fernando explica e conclui: «Enfim, vou responder à sua pergunta com um corajoso "não sei".»
O papel não entoa e por isso nunca o saberemos, mas Luis Fernando deverá ter pronunciado «corajoso» com o seu quê de ironia. Só que, escrito para a posteridade, aquele «corajoso» é tudo menos irónico. Porque a única resposta séria só pode ser «não sei». Mesmo Verissimo, para quem o humor desejavelmente não pode ter limites dá dois ou três exemplos de como, os mesmos que há pouco clamaram pela liberdade total sem fronteiras, são os mesmo que, antes, andaram a pregar outros «politicamente correctos».
Eu pinte a minha cara de preto se isto não for assim...

quinta-feira, março 16, 2006

Música para o Povo

Radar. Na Powerbox.

terça-feira, março 14, 2006

Eu vou fazer um movimento, amor











Na Fnac, os dois discos de Marisa Monte estão numa prateleira, como se fosse normal. Nem houve festa, nem nada. Adiante... perdoai-lhes, eles nem sabem o que vendem.
Pernambucolismo e A Primeira Pedra entram directo para o top das melhores canções superlentas de sempre. Isto só para começar... O resto - no pop a preto e branco, ou no samba a cores - tem a marca fundamental da contenção. Melhor, da depuração. E não é só pelo Philip Glass ou pela presença constante do clã Morelembaum.
Dois discos para celebrar a chegada da Primavera, mas que ainda haveremos de ouvir nas mais quentes noites de Verão.

segunda-feira, março 13, 2006


Stupid Spam

A minha caixa de Spam acumulou 419 mensagens em 48 horas. Sempre me pareceu que o Spam representa a vitória da estupidez dos tempos modernos.

domingo, março 12, 2006

Fábulas e utopias

Entre as «formigas» mais ricas do mundo, está este ano a jovem Hind Hariri (22 anos), filha de um ex-primeiro-ministro (!) do Líbano. Infelizmente, não puderam comparecer à chamada as «formigas» Martha Stewart e Mikhaïl Khodorkovski, porque foram presas. Excederam-se nas suas actividades de «formiga»...
Não ponho em causa o mérito das «formigas» da lista Forbes. Autodidactas, como diz o Le Monde.
Na teoria do João Miranda [A Blasfémia], preocupam-me as «cigarras». Porque não o são. Aquilo a que o JM chama de «cigarras» são biliões de pessoas, a maior parte delas trabalhadores, que não merecem a (má) sorte que tiveram. Na famosa lista não estão, por exemplo, milionários africanos. E alguns até se esforçam... veja-se o que se passa em Luanda.
JM tece loas ao sistema capitalista e zomba de um morto. No qual, obviamente, de nada vale a pena bater. O comunismo não é solução para coisa nenhuma.
Pela parte que me toca, apenas não me conformo com o gigantesco desequilíbrio que o sistema capitalista fomenta - como é possível que haja cada vez mais milionários e cada vez mais miseráveis? Simplesmente acho que seria desejável que assim não acontecesse. Dentro ou fora do capitalismo.

sábado, março 11, 2006

11-M

Faz hoje dois anos, por esta hora, chegava a Madrid, ao fim de uma enervante ponte aérea a partir de Barcelona. A uma quinta-feira à tarde, o centro de Madrid estava quase deserto e silencioso. São assim as cidades quando sangram.

sexta-feira, março 10, 2006

É a economia...

A economia mundial - o hemisfério Norte, o mundo «acidental»... - continua em crise profunda. E, no entanto, o número de milionários não pára de crescer.
A economia portuguesa estagnou, o crescimento é zero. Menos para os bancos, cujos lucros não param de aumentar.
E ainda há quem ache tudo isto normal.

quarta-feira, março 08, 2006

Post civilizacional

Foi descoberta uma família que ainda anda com as mãos no chão. Na Turquia.

terça-feira, março 07, 2006

Happy Infiel

Há nas bancas uma nova revista para mulheres, Happy Woman. Sintomático que o grande título da capa seja «Infiel».

Diz-me o que bebes...

Diz João Paulo Martins, perito na matéria [Correio da Manhã] que os vinhos escolhidos para a tomada de posse do novo Presidente são um má escolha. O 'Pera Manca' é excessivamente caro e demasiado violento/alcoólico para o pudim de espargos e o peixe assado.
Mau augúrio, esta escolha de vinhos.

segunda-feira, março 06, 2006

A deputada indecente

Ana Drago está a dizer na SIC-N que Jorge Sampaio era a face decente do Partido Socialista?

Obscena obscenidade

Num momento de rara lucidez, Clara Ferreira Alves titulou o seu último artigo no Expresso de «Obscenidade». Não me espanta que a santanete caprichosa renegue a figura fundadora, se o próprio «Pedro», de cada vez que aparece, parece tomar para si a ingrata tarefa da cambalhota genética. Espantosa é a lata com que se trata a dupla farsante Pedro/Zé Manel de «geração de ouro» que iria exercer o poder com «exemplaridade e discernimento». Alucinação, pura alucinação. Como aquela de assegurar que o país, incluindo o socialista, celebrou na rua a vinda à superfície de tal gente. Oh insanidade. Oh afã cego de nada querer perceber, nada querer ver.

Deus em versão nano

Imaginam? Nada melhor para juntar aos sapatos Prada que um iPod nano. Preto, que diz tão bem com aquelas fatiotas brancas. Aleluia.

sábado, março 04, 2006

O vómito, agora na Net, perto de si

Um destes dias, decidi comentar um post assinado por uma criatura auto-designada valter hugo mãe, que bolsa irregularmente no blogue Da Literatura. O desconchavo argumentativo da criatura acerca do suposto carácter de Che Guevara - prontamente aplaudido pela acefalia blogosférica do costume [está tudo linkado no fim do tal post] - era de tal ordem que merecia dois ou três apontamentos.
Passados uns dias, vem o catraio gozar com a malta, que era uma coisa assim a não se perceber bem o quê e que o que realmente lhe interessava eram as mamas da vizinha.
Graças à parte, uma simples busca no Google leva-nos a um bloge chamado objecto cardíaco, tasca conexa de uma editora do mesmo nome, tudo propriedade do tal valter. Acontece que a dita editora editou, entre outras vomitadelas, um cagalhoto chamado Dorme Cá Hoje, colecção coisas de ignição, que ostenta na capa o presumível autor, presumo eu [será o valter?], envergando... uma t-shirt com... txanam... Che Guevara.
Ao longo dos anos, já me sairam a terreiro criminosos de toda a espécie. Faltava-me para a colecção, um pantomineiro intelectual. Ei-lo. A quem mais subiria à tola a incomentável ideia de fazer um texto sobre Che Guevara, com links à oposição cubana e tudo, apenas com o fito de promover o albergue de edição que o alimenta?
valter hugo mãe. Registem o nome.

sexta-feira, março 03, 2006

O beijo francês

A cultura é uma coisa bonita. A prática também.

quinta-feira, março 02, 2006

A magia de Lula

A Economist de amanhã traz uma grande entrevista a Lula da Silva que vale a pena ler. E um editorial - The Magic of Lula - bem interessante.
Eis os dois últimos parágrafos:

On taking office, Lula offered himself as a bridge between two worlds, between the Davos crowd of business types and the World Social Forum of social and environmental activists. He can still command influence in both of these worlds. In Britain this week he intends to push for compromise in the Doha round of world trade talks. Brazil's quiet diplomacy may yet persuade Bolivia's socialist president, Evo Morales, to follow the path of democracy and pragmatism rather than the example of Mr Chávez. To do all this, however, Brazil must lead by example—reforming its economy and helping its legions of poor people by winning the political argument and playing by the rules, not resorting to bribery and the quick fix.
Lula is not just a charismatic politician but also, it seems, a lucky one. He promised clean government, presided over a corruption scandal, and yet still looks capable of winning a second chance. He has the potential to become one of Latin America's most remarkable democratic politicians. But the greater part of his work still lies ahead of him.

O Che (mal) revisitado

Nunca usei t-shirts do Che Guevara. Mas fico sempre espantado quando o ódio turva o discernimento. Valter Hugo Mãe [Da Literatura] dá-nos um excelente exemplo.
Diz ele: «Ao que parece, Che era homofóbico, racista, e não tomava banho nunca [!!!].»
E acrescenta: «Se não for de todo verdade, ao menos fiquem com a dúvida de que não seja de todo mentira.»
E cita: «The exact number of Che's Cuban victims has not been verified
E linka para um site [Cuba Liberal] onde, na página de abertura, se lêem coisas destas: «Las posibilidades de que Venezuela y Cuba se alíen con Irán para amenazar con armamento nuclear a los Estados Unidos no debe ser algo para ser infravalorado por ninguna administración norteamericana. Irán no es la URSS de octubre de 1962.»
E destas: «La docilidad con que el gobierno de España maneja el terrorismo internacional es, al menos, coherente con su visión optimista de que ETA pronto dejará las armas.»
Uma pessoa lê coisas destas e percebe porque tem sido possível a manutenção no poder do ditador Castro. Qualquer pessoa sensata fica, no mínimo, sem vontade de apoiar tais dislates.
[Ah... t-shirts do Che não uso, mas há dias vi uns boxers bem divertidos.]

quarta-feira, março 01, 2006

Ai os centros de decisão...

... ai os centros de decisão [para ser lido em tom aflito]:
Isabel Aguilera, nueva directora general de Google en España y Portugal.

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