terça-feira, março 21, 2006
Neil (ii)
A memória tem destas coisas. Constrói-se. Tem vontade própria. Reconstrói-se. Contam-nos que, aos 6 anos, líamos Eça de fio a pavio e até acreditamos se acharmos que Eça aos 6 faz sentido na memória que queremos ter de nós mesmos. Percebemos, aos 14, aos 18, aos 20, que aquele dia de 74 queria dizer qualquer coisa de especial e o pouco de que nos lembramos ganha outro significado. A memória é um Lego gigantesco, onde vamos colocando teças, de onde tiramos peças, que moldamos todos os dias a nosso jeito. Ou ao jeito da memória ela própria.
Neil Diamond era aquela gajo, meio poeta meio parvo, ao pôr-do-sol, falando de uma gaivota que era Livingston na terra dela e Capelo na nossa. Até ontem. Quando ouviste 12 Songs e Diamond ganhou outro significado.
Neil Diamond era aquela gajo, meio poeta meio parvo, ao pôr-do-sol, falando de uma gaivota que era Livingston na terra dela e Capelo na nossa. Até ontem. Quando ouviste 12 Songs e Diamond ganhou outro significado.