terça-feira, janeiro 23, 2007
Obviamente
O presidente da comissão do Parlamento Europeu sobre voos da CIA na Europa, Carlos Coelho, responsabilizou hoje o governo de Lisboa e a eurodeputada socialista Ana Gomes pela «sobrevalorização» de Portugal no relatório hoje aprovado em Bruxelas.
[Diário Digital, 23-01-07]
Obviamente,
havendo os acordos bilaterais que se conhecem
comportando-se os americanos como se comportam, ou seja, sem dar cavaco a ninguém
estando Durão e Portas no poder
Obviamente
passaram aviões da CIA com presos ilegais em Portugal
alguns presos terão, no mínimo, pisado solo açoriano
Obviamente
em nome da decência e dos direitos humanos, o Governo português deveria ser mais transparente sobre esta matéria
Obviamente
não o pode fazer sozinho ao nível da UE
não pode menosprezar o impacto que isso teria nos tais acordos bilaterais
Mas, obviamente
a forma histriónica como a dra. Ana Gomes trata este caso só dificulta a manobra do governo português e, por exensão, dos europeus, tornando praticamente impossível qualquer declaração mais«sincera».
[French Kissin, 06-01-07]
Muito dificilmente Portugal terá ficado fora da rota do transporte de presumíveis terroristas, em aviões americanos, para interrogatório na base militar de Guantánamo (Cuba), ou, eventualmente, em locais de detenção secretos na Europa ou em países do Norte de África.
Tendo em conta a nossa localização geográfica, especialmente a Base das Lajes, os laços militares, quer bilaterias quer no âmbito da NATO, quer ainda a proximidade de posições entre Lisboa e Washington à data dos acontecimentos (era Durão Barroso primeiro-ministro e Paulo Portas ministro da Defesa), só por milagre o espaço aéreo português terá ficado imune a essa flagrante violação dos Direitos Humanos.
No entanto, apesar de tudo para aí apontar, essa suspeição precisará de ser provada, em nome da verdade histórica.
Mais importante, porém, é tentar perceber até que ponto é que o Governo de Lisboa, assim como os do resto da Europa, teve conhecimento do que estava a passar-se.
Em tese, é possível admitir que as autoridades dos países sobrevoados não tenham tido conhecimento concreto do que se passava. Ao abrigo dos acordos existentes, terá sido possível dar autorização ao trânsito dos aviões, sem averiguar o que transportavam, ou até os planos de voo concretos. E existe ainda a possibilidade de os militares americanos terem omitido informação.
Há quem defenda que, em nome de uma alegada guerra contra o terrorismo, tudo é permitido - a tortura, os voos e até a mentira. Um estado democrático como aquele que Portugal se orgulha de ser não pode, porém, partilhar essa visão.
Assistimos, por estes dias, a uma lamentável troca de palavras entre o Governo português e uma eurodeputada, também ela socialista e também ela portuguesa, acerca de uma alegada sonegação de informações.
Entende-se a postura de Estado assumida pelo Governo, não apenas relativamente ao seu antecessor como a um país aliado.
Mesmo obedecendo a essas condicionantes, e apesar de o assunto estar a ser investigado pelo habitualmente irrelevante Parlamento Europeu, seria importante para Portugal que o Governo de Lisboa se mostrasse mais colaborante na procura da verdade. Sob pena de ficarmos de novo mal na fotografia, já não na dos Açores, mas na da comédia de enganos que se lhe seguiu.
[Diário de Notícias, 22-12-06]
[Diário Digital, 23-01-07]
Obviamente,
havendo os acordos bilaterais que se conhecem
comportando-se os americanos como se comportam, ou seja, sem dar cavaco a ninguém
estando Durão e Portas no poder
Obviamente
passaram aviões da CIA com presos ilegais em Portugal
alguns presos terão, no mínimo, pisado solo açoriano
Obviamente
em nome da decência e dos direitos humanos, o Governo português deveria ser mais transparente sobre esta matéria
Obviamente
não o pode fazer sozinho ao nível da UE
não pode menosprezar o impacto que isso teria nos tais acordos bilaterais
Mas, obviamente
a forma histriónica como a dra. Ana Gomes trata este caso só dificulta a manobra do governo português e, por exensão, dos europeus, tornando praticamente impossível qualquer declaração mais«sincera».
[French Kissin, 06-01-07]
Muito dificilmente Portugal terá ficado fora da rota do transporte de presumíveis terroristas, em aviões americanos, para interrogatório na base militar de Guantánamo (Cuba), ou, eventualmente, em locais de detenção secretos na Europa ou em países do Norte de África.
Tendo em conta a nossa localização geográfica, especialmente a Base das Lajes, os laços militares, quer bilaterias quer no âmbito da NATO, quer ainda a proximidade de posições entre Lisboa e Washington à data dos acontecimentos (era Durão Barroso primeiro-ministro e Paulo Portas ministro da Defesa), só por milagre o espaço aéreo português terá ficado imune a essa flagrante violação dos Direitos Humanos.
No entanto, apesar de tudo para aí apontar, essa suspeição precisará de ser provada, em nome da verdade histórica.
Mais importante, porém, é tentar perceber até que ponto é que o Governo de Lisboa, assim como os do resto da Europa, teve conhecimento do que estava a passar-se.
Em tese, é possível admitir que as autoridades dos países sobrevoados não tenham tido conhecimento concreto do que se passava. Ao abrigo dos acordos existentes, terá sido possível dar autorização ao trânsito dos aviões, sem averiguar o que transportavam, ou até os planos de voo concretos. E existe ainda a possibilidade de os militares americanos terem omitido informação.
Há quem defenda que, em nome de uma alegada guerra contra o terrorismo, tudo é permitido - a tortura, os voos e até a mentira. Um estado democrático como aquele que Portugal se orgulha de ser não pode, porém, partilhar essa visão.
Assistimos, por estes dias, a uma lamentável troca de palavras entre o Governo português e uma eurodeputada, também ela socialista e também ela portuguesa, acerca de uma alegada sonegação de informações.
Entende-se a postura de Estado assumida pelo Governo, não apenas relativamente ao seu antecessor como a um país aliado.
Mesmo obedecendo a essas condicionantes, e apesar de o assunto estar a ser investigado pelo habitualmente irrelevante Parlamento Europeu, seria importante para Portugal que o Governo de Lisboa se mostrasse mais colaborante na procura da verdade. Sob pena de ficarmos de novo mal na fotografia, já não na dos Açores, mas na da comédia de enganos que se lhe seguiu.
[Diário de Notícias, 22-12-06]