segunda-feira, janeiro 01, 2007
Náufragos
Alguns intelectuais anafados e uns tantos imberbes mal preparados saem de vez em quando da toca para descobrirem que o mundo, em especial o que lhes fica mais próximo, é cruel.
Voltou a acontecer com o naufrágio na Nazaré.
Meia dúzia de pescadores morreram tragicamente a poucos metros da praia. A coisa é mediática e por isso a intelectualidade acordou do fundo torpor natalício. Curiosamente, numa época em que muito mais pessoas morreram nas estradas, em circunstância muitas vezes bem mais dramáticas. Também no caso deles, um ténue fio separou a vida da morte - uma distracção do condutor que desvia a viatura da faixa, um carro de tuning (!) que faz mal uma curva, coincidências trágicas...
No caso da Nazaré, parece que o ÚNICO factor determinante terá sido o atraso no socorro.
Em alguns blogues, já vamos em atrasos de três horas e noutros a cronologia tem expressões do tipo «alguém (?) que viu o acidente de terra terá (?) eventualmente (?) alertado também as autoridades».
Peguei no Correio da Manhã, jornal especializado em tragédias e que não é conhecido pelas suas simpatias pela actual situação:
06.42: Lançada bóia de emergência
07.30: Satélite fornece falsa localização (a Norte do sítio exacto)
08.20: Pescador desportivo avisa as autoridades por telemóvel
08.45: Pedido de helicóptero à Marinha
09.55: Helicóptero chega ao local.
Ou seja, entre o primeiro aviso fornecendo informações concretas sobre o ocorrido e o local da ocorrência e a chegada do helicóptero passaram 1 hora e 35 minutos. Foi muito tempo? Mas é claro que sim, morreram pessoas... Penso, no entanto, que não estamos perante um caso que justifique o chorrilho de choradeira hipócrita que por aí anda.
[Ainda a tempo: os agentes envolvidos no socorro poderão ter revelado alguma incompetência. Seguramente muito menos que alguns comentadores: Henrique Raposo, por exemplo, chega a confundir os telejornais de dois dias para poder zurzir nos «jornalistas lacaios da RTP». O telejornal a que alude passa-se 36 horas, repito, 36 horas após a tragédia... Como é que alguém consegue escrever imbecilidades destas em Portugal sem qualquer censura pública (antes pelo contrário, até com aplausos...), isso, sim, é que é espantoso.]
Voltou a acontecer com o naufrágio na Nazaré.
Meia dúzia de pescadores morreram tragicamente a poucos metros da praia. A coisa é mediática e por isso a intelectualidade acordou do fundo torpor natalício. Curiosamente, numa época em que muito mais pessoas morreram nas estradas, em circunstância muitas vezes bem mais dramáticas. Também no caso deles, um ténue fio separou a vida da morte - uma distracção do condutor que desvia a viatura da faixa, um carro de tuning (!) que faz mal uma curva, coincidências trágicas...
No caso da Nazaré, parece que o ÚNICO factor determinante terá sido o atraso no socorro.
Em alguns blogues, já vamos em atrasos de três horas e noutros a cronologia tem expressões do tipo «alguém (?) que viu o acidente de terra terá (?) eventualmente (?) alertado também as autoridades».
Peguei no Correio da Manhã, jornal especializado em tragédias e que não é conhecido pelas suas simpatias pela actual situação:
06.42: Lançada bóia de emergência
07.30: Satélite fornece falsa localização (a Norte do sítio exacto)
08.20: Pescador desportivo avisa as autoridades por telemóvel
08.45: Pedido de helicóptero à Marinha
09.55: Helicóptero chega ao local.
Ou seja, entre o primeiro aviso fornecendo informações concretas sobre o ocorrido e o local da ocorrência e a chegada do helicóptero passaram 1 hora e 35 minutos. Foi muito tempo? Mas é claro que sim, morreram pessoas... Penso, no entanto, que não estamos perante um caso que justifique o chorrilho de choradeira hipócrita que por aí anda.
[Ainda a tempo: os agentes envolvidos no socorro poderão ter revelado alguma incompetência. Seguramente muito menos que alguns comentadores: Henrique Raposo, por exemplo, chega a confundir os telejornais de dois dias para poder zurzir nos «jornalistas lacaios da RTP». O telejornal a que alude passa-se 36 horas, repito, 36 horas após a tragédia... Como é que alguém consegue escrever imbecilidades destas em Portugal sem qualquer censura pública (antes pelo contrário, até com aplausos...), isso, sim, é que é espantoso.]