sábado, dezembro 02, 2006
Caro Rui
correspondemo-nos então.
E começo por dizer que o teu texto, e desculpa a sinceridade, consegue suplantar o choradinho dos militares acerca da sua tão elevada superioridade.
Por exemplo, escreves que a «paz podre» entre o poder político e os militares é antiga e que, pasme-se, os ministros da Defesa mudaram muitas vezes, e que as reformas na Defesa faziam que andavam e não andavam, e que a condição militar tem especificidades que mais ninguém tem.
Mas, oh Rui, tudo isso é o que diz toda a gente. Os juízes, os professores, os jornalistas (não tens ouvido os representantes dos jornalistas garantirem que a profissão é tão, mas tão, extenuante e tão, mas tão, específica que justifica uma caixa de previdência própria?).
Os ministros da Defesa mudaram? E os da Educação? E não serão estas mudanças mais negativas para todos? É que, ao contrário do que pareces afirmar, se existe área em que PS e PSD (e PP) estão mais de acordo ela deve ser, precisamente, a da Defesa. E as reformas no sector demoraram muito tempo? E nos outros sectores? E a reforma geral do Estado?
A especificidade dos militares? A prontidão? Os perigos que enfrentam? Olha, Rui, tenta saber quanto ganham por mês os valentes soldados que estão actualmente em Timor ou na Bósnia e depois falamos.
A ideia de que o Estado achincalha os militares, essa sim, é que me parece peregrina. Pelo que temos visto nos últimos anos, a contestação pública tem sido assumida, ora por associações conotadas com o PCP, ora por chefes militares, como é o caso, nomeados por ministros de cor contrária e prontos a sair.
E chegamos à divulgação da carta. Que coragem a destes militares que, a uma semana de deixarem o cargo, se armam em valentes e põem o poder político na ordem...
O que defendo, para os militares e para o resto, é muito simples: o dinheiro não chega para tudo e é preciso redistribuí-lo. E, já que vem a talhe de foice, obviamente que não considero a Defesa como uma das nossas prioridades de primeira linha no actual momento. Diria que se trata de uma posição realista.
E começo por dizer que o teu texto, e desculpa a sinceridade, consegue suplantar o choradinho dos militares acerca da sua tão elevada superioridade.
Por exemplo, escreves que a «paz podre» entre o poder político e os militares é antiga e que, pasme-se, os ministros da Defesa mudaram muitas vezes, e que as reformas na Defesa faziam que andavam e não andavam, e que a condição militar tem especificidades que mais ninguém tem.
Mas, oh Rui, tudo isso é o que diz toda a gente. Os juízes, os professores, os jornalistas (não tens ouvido os representantes dos jornalistas garantirem que a profissão é tão, mas tão, extenuante e tão, mas tão, específica que justifica uma caixa de previdência própria?).
Os ministros da Defesa mudaram? E os da Educação? E não serão estas mudanças mais negativas para todos? É que, ao contrário do que pareces afirmar, se existe área em que PS e PSD (e PP) estão mais de acordo ela deve ser, precisamente, a da Defesa. E as reformas no sector demoraram muito tempo? E nos outros sectores? E a reforma geral do Estado?
A especificidade dos militares? A prontidão? Os perigos que enfrentam? Olha, Rui, tenta saber quanto ganham por mês os valentes soldados que estão actualmente em Timor ou na Bósnia e depois falamos.
A ideia de que o Estado achincalha os militares, essa sim, é que me parece peregrina. Pelo que temos visto nos últimos anos, a contestação pública tem sido assumida, ora por associações conotadas com o PCP, ora por chefes militares, como é o caso, nomeados por ministros de cor contrária e prontos a sair.
E chegamos à divulgação da carta. Que coragem a destes militares que, a uma semana de deixarem o cargo, se armam em valentes e põem o poder político na ordem...
O que defendo, para os militares e para o resto, é muito simples: o dinheiro não chega para tudo e é preciso redistribuí-lo. E, já que vem a talhe de foice, obviamente que não considero a Defesa como uma das nossas prioridades de primeira linha no actual momento. Diria que se trata de uma posição realista.