terça-feira, novembro 14, 2006

Here we go again...

Deve a ser mais velha discussão da blogosfera... Esquerda, direita, volver!
O Pedro Picoito - novo blogue, título catita assim a dar para o liberal, template desmaiado assim a dar para o conservador... - questiona-me sobre uma picardia que lancei a propósito do aborto e das filiações ideológicas.
E tem toda a razão. Em primeiro lugar, porque já ninguém tem paciência para este debate. Depois, porque isto das famílias ideológicas tem muito que se lhe diga e dava pano para mangas. Confusos? Também eu. Mas tentemos pôr duas ou três ideias em ordem.

A arrumação muito certinha em esquerda-direita foi chão que deu uvas. Por exemplo, anda muito gente entretida a discutir se Sócrates é de direita ou de esquerda, e até se estará a trair o partido de onde brotou.
Guterres, em meu entender, até era mais de direita, a coisa também se discutiu na altura e ninguém se magoou. Enfim, magoou-se ele, mas o partido sobreviveu e hoje até se recomenda (dizem as sondagens, dizem as sondagens...).
Isto porque, parece-me, a malta hoje em dia vota mais nas caras que colam nos cartazes, do que nos partidos e muito menos nas ideologias. Se a malta votasse nas ideologias, o PS e o PSD nunca teriam ganho eleições...

Quanto ao papel do Estado, à esquerda e à direita (mantenhamos a fractura por facilidade de exposição), há quem tenha as mais diversas concepções.~
Por exemplo, a esquerda que o PS ainda será, penso eu, vê o estado como um patamar mínimo. Seguindo a lei da subsidariedade, o estado está lá, funciona, responde às necessidades de quem não tem outra hipótese, mas nesta concepção também é fomentada a iniciativa privada, que entra em concorrência com o Estado e que, em alguns casos, até lhe fornece serviços, nomeadamente na área da gestão.
Noutras concepções de esquerda - e penso ser dessas que o Pedro Picoito fala - o estado é maximizado. Mas essa esquerda não está no poder, nem se prevê que venha estar, pelo que não vale a pena perder tempo com o assunto.

E o que tem tudo isto a ver como aborto?

Tudo, em meu entender. Trata-se de legislar, ou seja de tocar naquela zona em que o estado intefere na esfera do cidadão. Por isso, os defensores do «não» querem que o estado proíba o aborto, os do «sim» querem que o estado não puna a sua prática.
Uma posição liberal, em meu entender, deveria tender para deixar todas as hipóteses em aberto - o que implica a não punição - e deixar ao cidadão a hipótese de praticar, ou não, o aborto, de acordo com as suas convições.





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