quinta-feira, junho 22, 2006
Ainda a crítica
Um dos aspectos mais curiosos na pequena polémica que por aí anda acerca da crítica é que, em última instância, tudo se resume ao problema do acesso aos media. E o assunto até seria discutível se fosse colocado num plano mais sério - os critérios, os mecanismos, etc -, mas não. Mais tarde ou mais cedo, os polemizadores acabam por reconhecer que eles têm um problema de acesso ao media. É um problema de primeira pessoa, que se compreende por ser a vaidade uma característica própria dos humanos, mas é também uma questão de cliques, capelinhas, grupos de interesse. E aí surge outra dificuldade do debate. Denunciar o suposto amiguismo por detrás de algumas páginas de media é fácil - trata-se de um acto casuístico, relativamente lúdico até. Mas quem faz essas críticas não terá telhados de vidro igualmente interessantes? Não haverá amiguismos desse lado? Não haverá capelinhas universitárias? Dependências mesmo? Interesses económicos até?
E depois há coisas que bradam aos céus.
Ele são as traduções que só são boas quando os livros não vendem (!). Ele há gente -é a sério, li há dias num blogue - que questiona a legitimidade dos directores para definirem os conteúdos que os seus jornais publicam (!!!). Enfim, uma carreira de dislates com as quais obviamente não se deve perder tempo.
Mas há ainda uma questão de fundo, de inteligência, que me espanta fundamentalmente nesta polémica.
Hoje, os mecanismos de difusão das obras culturais estão incrivelmente democratizados. Há uma multiplicidade de suportes e orientações mediáticas como nunca houve na história. Há, fora dos media tradicionais, possibilidades imensas para essa mesma divulgação. Não percebo porque acha certa gente que a opinião deles, o gosto deles, deve suplantar essa possibilidade democrática. Ou melhor, percebo. Mas acharão eles que os outros são parvos?
E depois há coisas que bradam aos céus.
Ele são as traduções que só são boas quando os livros não vendem (!). Ele há gente -é a sério, li há dias num blogue - que questiona a legitimidade dos directores para definirem os conteúdos que os seus jornais publicam (!!!). Enfim, uma carreira de dislates com as quais obviamente não se deve perder tempo.
Mas há ainda uma questão de fundo, de inteligência, que me espanta fundamentalmente nesta polémica.
Hoje, os mecanismos de difusão das obras culturais estão incrivelmente democratizados. Há uma multiplicidade de suportes e orientações mediáticas como nunca houve na história. Há, fora dos media tradicionais, possibilidades imensas para essa mesma divulgação. Não percebo porque acha certa gente que a opinião deles, o gosto deles, deve suplantar essa possibilidade democrática. Ou melhor, percebo. Mas acharão eles que os outros são parvos?