sexta-feira, fevereiro 10, 2006
Uma insistência
Tenho com Constança Cunha e Sá um conflito de utopias. Circunstancial, apesar de tudo.
CCS acha que a liberdade pode ser exercida sem amarras. Eu insisto na responsabilidade.
Ambos sabemos que aquilo que defendemos em tese tem pouca possibilidade de sobrevivência no mundo real. Daí a utopia. Penso que seja circunstancial porque o campo de entendimento é mais vasto do que parece num olhar apressado.
Divide-nos, circunstancialmente, a questão islâmica. Eu acho que o Ocidente, ponhamos as coisas assim, não necessita de escarnecer, ou sequer tomar a iniciativa, para demonstrar a sua especificidade (alguns chamar-lhe-ão superioridade, conceito que me parece perigoso, mas que admito com limitações). A CCS, neste caso, alinha pela bitola claramente maioritária entre a intelectualidade, e que consiste em declarar-se em guerra contra os infiéis (eu sei, nem todos assumem a coisa assim).
Isto é, digamos, o enquadramento. Não fujo, porém, às questões que me levanta na sua réplica.
Não, não acho que se deva proibir a publicação das blasfémias. Não, não acho que qualquer governo deva responder, seja em que circunstância fôr, por actos de jornalistas. Reafirmá-lo parece-me, aliás, da ordem do absurdo.
Ficamos, então, num beco sem saída? Admito. Eu insisto na questão da responsabilidade e na necessidade de se atender ao contexto. E, obviamente, no contexto do nosso mundo, não quero impôr isso a ninguém. Mas não deixo de o defender, de esperar que, num conjunto de matérias que têm a ver com a nossa matriz civilizacional (e com a nossa sobrevivência...), cada um perceba as possibilidades e os limites da sua acção.
CCS acha que a liberdade pode ser exercida sem amarras. Eu insisto na responsabilidade.
Ambos sabemos que aquilo que defendemos em tese tem pouca possibilidade de sobrevivência no mundo real. Daí a utopia. Penso que seja circunstancial porque o campo de entendimento é mais vasto do que parece num olhar apressado.
Divide-nos, circunstancialmente, a questão islâmica. Eu acho que o Ocidente, ponhamos as coisas assim, não necessita de escarnecer, ou sequer tomar a iniciativa, para demonstrar a sua especificidade (alguns chamar-lhe-ão superioridade, conceito que me parece perigoso, mas que admito com limitações). A CCS, neste caso, alinha pela bitola claramente maioritária entre a intelectualidade, e que consiste em declarar-se em guerra contra os infiéis (eu sei, nem todos assumem a coisa assim).
Isto é, digamos, o enquadramento. Não fujo, porém, às questões que me levanta na sua réplica.
Não, não acho que se deva proibir a publicação das blasfémias. Não, não acho que qualquer governo deva responder, seja em que circunstância fôr, por actos de jornalistas. Reafirmá-lo parece-me, aliás, da ordem do absurdo.
Ficamos, então, num beco sem saída? Admito. Eu insisto na questão da responsabilidade e na necessidade de se atender ao contexto. E, obviamente, no contexto do nosso mundo, não quero impôr isso a ninguém. Mas não deixo de o defender, de esperar que, num conjunto de matérias que têm a ver com a nossa matriz civilizacional (e com a nossa sobrevivência...), cada um perceba as possibilidades e os limites da sua acção.