segunda-feira, fevereiro 06, 2006
Uma foto que (ainda) não mostro ao meu filho
1. A liberdade não é valor absoluto. Nenhum valor é absoluto. Nos sistemas totalitários, aí sim, há valores absolutos. No Islão, só há Alá. Aqui não. Há Deus, mas há Buda e até há Alá.
2. Os valores, como a liberdade, sofrem, na própria dinâmica social e política, constrangimentos vários. Quando chocam com outros, por exemplo. Ou quando põem em causa a liberdade dos outros. Os jornalistas, por exemplo, sabem que, sendo a liberdade de expressão valor de ouro na sua profissão, devem suspendê-la quando isso põe em causa vidas humanas, ou a mera segurança de outras pessoas. Dou outro exemplo: pichar cemitérios judaicos parece-me exercício de mau gosto, mas possível à luz da liberdade absoluta. Vamos permiti-lo?
3. A responsabilidade parece-me ser a melhor maneira de intermediar o problema. Outros chamar-lhe-ão bom senso. Viver em sociedade, partilhar, é isso.
4. Tudo depende, enfim, do contexto. Insisto: há coisas que se podem fazer, ou dizer, em certas circunstâncias e não se podem fazer noutras.
5. No contexto actual, parece-me que fazer caricaturas de Maomé só ajuda a agudizar as tensões já existentes entre o nosso mundo e o mundo deles.
6. A nossa civilização, pretendendo-se não hegemónica, intercultural, and so on, deve adoptar, em casos de conflitos envolvendo um aspecto tão delicado como a religião, uma perspectiva confrontacional, ou, antes, de apaziguamento?
7. E, já agora, o resultado prático dos nossos actos não conta? Com o caso do cartoon não demos mais força aos radicais do Islão? Novamente, o problema da responsabilidade.
Tudo isto me parece relativamente simples. É por isso, caro Paulo [Bloguitica], que aprecio a ideia do cartaz acima, mas não o mostro ou discuto com o meu filho. Por causa da idade (dele...). O maldito do contexto.
2. Os valores, como a liberdade, sofrem, na própria dinâmica social e política, constrangimentos vários. Quando chocam com outros, por exemplo. Ou quando põem em causa a liberdade dos outros. Os jornalistas, por exemplo, sabem que, sendo a liberdade de expressão valor de ouro na sua profissão, devem suspendê-la quando isso põe em causa vidas humanas, ou a mera segurança de outras pessoas. Dou outro exemplo: pichar cemitérios judaicos parece-me exercício de mau gosto, mas possível à luz da liberdade absoluta. Vamos permiti-lo?
3. A responsabilidade parece-me ser a melhor maneira de intermediar o problema. Outros chamar-lhe-ão bom senso. Viver em sociedade, partilhar, é isso.
4. Tudo depende, enfim, do contexto. Insisto: há coisas que se podem fazer, ou dizer, em certas circunstâncias e não se podem fazer noutras.
5. No contexto actual, parece-me que fazer caricaturas de Maomé só ajuda a agudizar as tensões já existentes entre o nosso mundo e o mundo deles.
6. A nossa civilização, pretendendo-se não hegemónica, intercultural, and so on, deve adoptar, em casos de conflitos envolvendo um aspecto tão delicado como a religião, uma perspectiva confrontacional, ou, antes, de apaziguamento?
7. E, já agora, o resultado prático dos nossos actos não conta? Com o caso do cartoon não demos mais força aos radicais do Islão? Novamente, o problema da responsabilidade.
Tudo isto me parece relativamente simples. É por isso, caro Paulo [Bloguitica], que aprecio a ideia do cartaz acima, mas não o mostro ou discuto com o meu filho. Por causa da idade (dele...). O maldito do contexto.