domingo, dezembro 11, 2005

Deus não gosta de omeletes

Há quem veja nos mais pequenos pormenores a prova da existência de Deus, a sua presença. Na suave brisa da manhã, no perfume exalado por um vinho precioso, talvez mesmo no microchip que comanda o novíssimo N90 da Nokia.
A mim, acontece-me o contrário.
Chega a casa, a desoras, e a porta entreaberta do frigorífico apenas me revela a presença comestível de uns ovos, às vezes um queijo.
Sai, então, uma omelete. Tudo, é claro, sem que Deus revele a sua presença. A omelete, a mais rápida e fácil obra-prima da culinária, é a prova de que Deus despreza os pormenores, despreza provar a sua existência. A omelete, esse primordial e originário fast-food, é também um concentrado de colesterol, um dos mais perfeitos e acabados concentrados de colesterol. Deus não se importa que eu, acabadinho de trabalhar dezena e tal de hora, me encharque em colesterol. Ou, se calhar, simplesmente Deus não gosta de omeletes.





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