quarta-feira, novembro 30, 2005

Bom dia


Piromanias

Irritei-me, é verdade - indignar parece-me um verbo excessivo. Tenho uma certa alergia de pele a teorias da conspiração, ainda mais quando me atribuem qualquer papel, por mais secundário que seja, em tais maquinações. Alergia que, diga-se, é extensível às análises políticas do tipo pois-pois-estamos-mesmo-a-ver-onde-queres-chegar, ou, pior, do tipo pois-pois-dizes-isso-mas-eu-topo-perfeitamente-que-queres-dizer-o-contrário...
E, é verdade, caro João, apesar de sermos um país de pirómanos - alguns é só mesmo pirotecnia... - nunca conseguimos incendiar verdadeiramente nada.
Quanto ao Miller, fui leitor precoce de outras coisas, mas prometo que me vou atirar aos Oitenta...

terça-feira, novembro 29, 2005

Cruzes...

Vejo a ministra da Educação explicar, na tv, que não há qualquer ordem para retirar crucifixos das escolas. Que a Constituição e a lei assim o exigem, mas que o ministério só actua em caso de pedido expresso. Como que dizendo «que diabo, há tanta coisa importante para tratar nesta área, porque me estão a incomodar com tais minudências?» Como que assumindo que o Governo nem sequer considera obrigatório cumprir a Constituição...
Que João Gonçalves [Portugal dos Pequeninos] - uma das vozes mais sensatas da blogosfera - subscreva graçolas incendiárias e analfabetas sobre a matéria só revela a insanidade de certos debates em Portugal. E, obviamente, não falo apenas, nem principalmente, de crucifixos.

Arrogância (II)

Parece-me, simplesmente, que estamos perante duas fontes de legitimação. Arrogância é pretender que apenas uma delas tem validade.

segunda-feira, novembro 28, 2005

Arrogância

O Paulo Gorjão [Bloguítica] tem-se dedicado a uma polémica sobre a arrogância cultural. Com destinatário.
Leio no Origem das Espécies o seguinte comentário a esse mesmo tema:
Não é arrogância cultural. É complexo. Trauma de classe, medo da vida que não cabe na memória, medo de que a vidinha escape. E uma ideia de casta, apego ao privilégio, hábitos antigos. Na verdade, é também um mundo que acabou. Mas, sobretudo, é ressentimento.
Leio isto e, sinceramente, fico sem saber se não assenta melhor noutro. No outro.
Há quem passe a vida a lembrar que nasceu humilde e humilde há-de continuar, que a sua política é o trabalho (não confundir com profissão...), num discurso tão descaradamente anti-elitista, tão descaradamente providencial, que mais não é que arrogância. Cultural? Não apenas.

domingo, novembro 27, 2005

Possibilidades

O Herbie Hancock juntou uns amigos e o patrocínio do Starbucks Cafe e lançou um dos discos mais interessantes do ano.
Santana é previsível e até, convenhamos, enfadonho. Mas ouça-se Annie Lennox ou, por exemplo, Christina Aguilera (!), sim essa mesmo. Ou, o melhor, Don't Explain, por Damien Rice e Lisa Hannigan. E, é claro, o piano - uma inusitada elegância num universo pop geralmente pré-formatado.
Já agora... vale a pena dar um salto até ao site oficial do Herbie, onde se podem ouvir excertos de Possibilities, um vídeo sobre a gravação, o trivial (bio, discografia, merchandising...), mas - mais uma vez - o inesperado: recomendações sobre compras de electrónica. Jingle bells, jingle bells...

sábado, novembro 26, 2005

Ira Que (caso prático)

A propósito do Iraque, alguns incensaram um livro chamado Impasses, por onde perpassavam umas teses risíveis acerca da coisa. Um dos autores, Paulo Tunhas, insiste nas teses entre a filosofia barata e a filosofia do absurdo num blogue de campanha eleitoral [Pulo do Lobo]. O cavalheiro debita umas frases cuja racionalidade é tão válida como o seu inverso. Fica a risibilidade como fio condutor.

Ira Que

Fosse este blogue um blogue político e falar-se-ia, agora, de Iraque. Das razões que nos levaram lá, do modo como aquilo está a correr, simplesmente daquilo.
É o debate mais importante. Mais que o terrorismo, mais que a crise das democracias, mais que tudo. Tudo isso está no Iraque.
Já muito foi dito, já quase tudo foi dito. Mas vale a pena regressar aos ditos, aos não ditos. Balancear. Porque aquilo está acontecer, mas já é possível (sempre foi...) perceber o que corre bem e o que corre mal. O que nunca poderia correr bem.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Boa de boca

Shakira é mais do que aquilo que aparenta. Sendo que as aparências - falo da voz, das canções... - nem são tão banais como parece.
Dela disse Gabriel Garcia Marques: "Shakira's music has a personal stamp that doesn't look like anyone else's and no one can sing or dance like her, at whatever age, with such an innocent sensuality, one that seems to be of her own invention." [cito em inglês porque foi assim que encontrei na Net uma frase que já conhecia de algures. E por preguiça.] Mas o Gabo partilha com ela uma vaga nacionalidade colombiana, pelo que temos de dar um desconto.
De Shakira vinha ontem uma história no suplemento The New York Times do El Pais. Onde explica as concepções que presidiram às capas dos dois últimos discos: Fijación Oral, vol 1 e Oral Fixation, vol. 2 [este é posto à venda dia 29]:













"La portada del primer álbum es más freudiana, y la del segundo recuerda más a Jung, porque Eva es un arquetipo universal. Quería mantener una unidad entre la portada de ambos álbumes, y decidí usar iconografías renacentistas. La madre con niño y el pecado original son conceptos recurrentes en el Renacimiento, y yo buscaba el carácter histórico."

E o título dos discos, onde os foste buscar Shakira?
"Siempre he pensado que soy una persona muy oral. Es mi mayor fuente de placer". Esclarecidos?

Brevemente

Um texto que fala de Sigmund Freud e Carl Jung.


quarta-feira, novembro 23, 2005

Perguntas que (me/nos) atormentam

O que será de Portugal e de nós se Maria Filomena Mónica emigrar?

Romances...

Princesa, moi?

Intervalo para boca provocatória

Muito interessante o intenso debate sobre a OTA que se desenvolve nos blogues que há uns meses exigiram a disponibilização dos estudos para esclarecimento geral. Pela parte que me toca, estou esclarecido. Sobre esses blogues muito intervenientes, claro.

Fim de intervalo para boca provocatória

terça-feira, novembro 22, 2005

Espiões no frio

Imagino espiões nas ruas de Berlim. As ruas de Berlim cheias de espiões. Provavelmente, já não na inóspita Alexanderplatz, nem talvez na evidente Unter den Liden, mesmo na inevitável Ku'dam. Imagino espiões que já não iludem muros, que se movem livremente pela cidade. Berlim tem de estar cheia de espiões. É da cidade. Mitte por excelência da Europa, cruzamento de culturas, políticas, economia a rodos. Provavelmente, os espiões que habitam hoje a cidade não cabem nos livros quase românticos do Le Carré. Mas andam por ali, na cidade aberta. Um espião numa cidade aberta, de livre circulação, é bem mais útil que aqueles que se moviam num mundo onde os perigos estavam catalogados e devidamente arrumados por sectores. Eram espiões que espreitavam pelos buracos do muro. Mas hoje o mundo está mais perigoso, já nem temos muros que guardem os nossos medos. Que espiarão agora os espiões?

terça-feira, novembro 15, 2005

Then we take Berlin


Fallacies

De há uns tempos para cá, adoptei uma página do Google para entrar na Net: http://www.google.com/ig. A coisa junta sites de informação, meteorologia, o acesso ao Gmail, mais umas curiosidades. E tem sempre uma frase do dia. Como se calcula, incalculável fonte de reflexão. Por exemplo, hoje está lá, de G. K. Chesterton:
Fallacies do not cease to be fallacies because they become fashions.
Ora aí está, uma frase sempre útil para ter à mão.

segunda-feira, novembro 14, 2005

Pequenas alegrias

Saí da Fnac com um recibo que dizia: Funeral €15,95.

História Mínima (versão Madonna)

A Madonna é fã das Histórias Mínimas que o Francisco está a coleccionar no Origem das Espécies. Por isso, tem uma no Confessions on a Dance Floor. É assim:
Once upon a time
There was a boy
There was a girl...

A canção chama-se Forbidden Love... imaginem o resto.

domingo, novembro 13, 2005

Os candidatos

Que a esquerda, a direita ou mesmo (oh horror!) o centro se revejam naqueles candidatos é a coisa mais preocupante.

A Reguladora da Coerência

Anda por aí uma certa agitação com um entidade reguladora que ameaça regular os blogues (!). Para os devidos efeitos se declara que tal entidade não terá autoridade sobre este blogue, visto que não se trata de um espaço «organizado como um todo coerente» (diz a lei).
'Tá tudo doido.

sábado, novembro 12, 2005

Madrid me mata en Lisboa

Centenas de milhar de pessoas participaram hoje numa procissão quase inédita em Lisboa.
À mesma hora, outras tantas centenas de milhar participaram, em Madrid, noutra manif, esta contra os projectos do Governo que retiram algum financiamento público às escolas católicas.
Lisboa e Madrid, à mesma hora, unidas pelo catolicismo. Mas as semelhanças acabam aí. Em Lisboa, a coisa era meramente contemplativa. Em Madrid, reactiva, dinâmica. Tem sido assim, nos últimos tempos. Em tudo.

Quase

I was so much older then, I am younger than that now.
O Lutz, além de dylaniano, tem as melhores playmates da blogosfera. Desde há dois anos.

Biblioteca da M.

Já desconfiávamos... na Biblioteca da Marmeleira também há daqueles livros condensados das Selecções.

sexta-feira, novembro 11, 2005

Baby, baby


'Cause baby, baby, baby, you're out of time
I said, baby, baby, you're out of time


Jagger/Richards (1966)

O Google não engana

Pulo do Lobo: Situado aproximadamente 20km a montante de Mértola, este acidente geomorfológico resulta do abaixamento do nível do mar no período quaternário.

Da lucidez (um caso)

LEI & ORDEM: O que tantos ansiavam, aí está: a coisa está, para já, controlada. Não compreendo no entanto muito bem que tal seja motivo de grande discórdia, ao ponto de ser erigido em argumento principal. Só um desmiolado pretenderia que a polícia e as medidas excepcionais não surgissem num quadro excepcional de crime. Arrumada a questão, fica o resto: estudar, compreender, prevenir. Só um desmiolado julga que 12.000 polícias podem estar eternamente na rua; ou que medidas excepcionais podem ser a regra.
FNV in Mar Salgado.

A quem possa interessar

Este blogue é preguiçoso. Contempla. Às vezes chega a ter a pretensão de pensar. Mas é preguiçoso. Não organiza as ideias, não passa as ideias a escrito, a limpo. Às vezes, sim. Mas só às vezes.

quinta-feira, novembro 10, 2005

Canta-me um fado

O último disco de Kátia Guerreiro é mesmo muito bom. Talvez o melhor disco de fado de 2005. Falarei dele em Fevereiro.

Paris (close up)


quarta-feira, novembro 09, 2005

Blogues

Há blogues que de interessante têm apenas os apelidos.

Mi spama, amorzinho, vai...

Nas últimas semanas, descubro quase todos os dias que estudei num colégio brasileiro. Quase todas as semanas, mudo de colégio, mas o afecto com que aqueles meus antigos colegas se me dirigem enche-me de alegria. O Rafael é o mais insistente:
Olá, tudo bom? Sou Rafael, e por coincidência achei o seu email! meu amigo me disse que esse era o seu email... Não tenho certeza se é voce mesmo que estudou comigo no colégio e gostaria de fazer uma festa de reencontro do pessoal lá no FC. Seria legal reencontrar a turma toda, alguns morreram infelizmente, mas eu estou tentando entrar em contato com o maior numero de amigos possiveis daquela época, e estou te convidando para ir a esta festa, gostaria muito de reencontrá-lo.
A seguir, vem a foto do Rafael, às vezes da Rafaela. Será que clico?

terça-feira, novembro 08, 2005

Fotos a pedir legendas (e um close up)


Fotos a pedir legendas


Baladas de Outono

A Discoteca Roma fechou. E já ninguém nota, ninguém diz nada...

Mafalda

Havia Amália nos primeiros fados de Mafalda. Até aí ao segundo disco. A meio do segundo disco. A Mafalda de Diário só já é Amália naquela coisa de cantar em francês, de cantar fado acompanhado de metais, de encher o CCB numa sexta-feira à noite. É Amália pela aparência, pelo lado grande das coisas. Já não o é pela essência.
Obviamente que havia uma impossibilidade original de ser Amália. Por tudo. Porque sim e por opção. É melhor que se seja Mafalda, só Mafalda, que quase Amália.
Dito isto, a Mafalda de Diário (e a do CCB) desilude um bocadinho. Não é que falte Amália. É a Mafalda que falta qualquer coisa, sem que se perceba ainda se está a caminho de outra.

A maneira própria de a mulher amar

Cito dos jornais:
«A vocação de amor vivida [por Teresa de Lisieux] foi um amor cristão na plenitude do termo, mas foi um amor de mulher. Há uma maneira própria de a mulher amar.»
A frase é de José Policarpo, cardeal patriarca de Lisboa.
Palavra de celibatário? Palavra de confessor?

segunda-feira, novembro 07, 2005

This shoes are made for praying


domingo, novembro 06, 2005

Departamento de jogos

Pelo caminho que as coisas estão a tomar - APOSTO - daqui a dois ou três dias, os jornalistas serão os culpados pelos distúrbios nos arredores de Paris.

Look... listen

No Pavilhão Atlântico estava mais perto. Só isso. Não se sentia a respiração, o odor, a aura.
Revista, reouvida na televisão é outra coisa. A encenação grandiosa é feita para os grandes planos. As texturas sonoras dão-se optimamente com o gravador DVD.
No Pavilhão Atlântico eramos só cenário. É muito melhor ver a MTV que estar na MTV.

Look who's back (II)














Em www.madonna.com . Loud !!!

quarta-feira, novembro 02, 2005

Look who's back















[Pavilhão Atlântico, Novembro 3, 2005]

terça-feira, novembro 01, 2005

Choco

Chocolate. Um leve odor a chocolate. Mesmo leve, tal odor não deixava de ser escandaloso.

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